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Enquadramento Energia Eólica Energia Solar A implementação

1. Situação actual

O aumento da temperatura global da superfície terrestre, ocorrido nos últimos anos, tem sido associado ao aumento do efeito de estufa. Como consequência da actividade humana, a concentração dos gases de efeito de estufa tem vindo a aumentar de um modo descontrolado desde o período pré-industrial (1750-1800). A concentração de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito de estufa, aumentou em 30% desde a era pré-industrial. Nos dias de hoje, o efeito combinado de todos os gases de efeito de estufa (CO2 , metano, ozono,…) corresponde a um aumento de mais de 50% do equivalente de CO2, que existia nesse período

Desde 1860, a temperatura média da superfície terrestre aumentou 0,6°C. Diferentes cenários prospectivos prevêem que, até 2100, esta temperatura irá aumentar entre os 1,5 e 6ºC, caso as opções energéticas e os hábitos de consumo actuais não sejam modificados. Este aumento considerável da temperatura será acompanhado por uma subida do nível do mar de 20 cm a 1 m . Se a alteração climática parece irreversível é, no entanto, possível atrasar esta evolução, caso se diminuía, de modo significativo, as emissões de gases de efeito de estufa.

Sabe-se que os reservatórios naturais de CO2 , que são os solos, as árvores e os oceanos, não serão capazes de absorver uma quantidade equivalente a menos de metade da produção de CO2 de origem humana (produzido durante o ano 2000). De modo a estabilizar a concentração de CO2 no seu nível actual é, pois, necessário reduzir de imediato 50 a 70% das emissões destes gases. Sendo uma redução drástica desta dimensão impossível de imediato, é no entanto necessário desde já começar a agir, já que este é um problema com uma característica do tipo acumulativo. Como o período de vida do dióxido de carbono na atmosfera é da ordem de um século, serão necessárias diversas gerações para conseguir estabilizar as concentrações de CO2 num nível aceitável.

O CO2é produzido pela combustão de todos os combustíveis fósseis: petróleo, gás e carvão. As emissões de CO2 são duas vezes maiores quando se utiliza carvão, em vez de gás natural, situando-se o nível das emissões associadas à utilização do petróleo num valor intermédio, entre ambas.

No início da década de 2000, a repartição mundial das emissões de CO2 por sector de actividade era a seguinte: produção eléctrica 39%, transportes 23%, indústria 22%, residencial 10%, terciário 4% e agricultura 2%. Esta repartição é, no entanto, muito diferente de país para país. Por exemplo, em França, onde somente um décimo da energia eléctrica é produzido a partir de combustíveis fósseis, o sector dos transportes é responsável por mais de 40% do CO2 emitido para a atmosfera

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Aumento da procura de energia

Em 2000, o consumo energético mundial era da ordem de uma dezena de Gtep (tep = tonelada equivalente de petróleo, 1 tep corresponde à energia produzida pela combustão de uma tonelada de petróleo). Os combustíveis fósseis representavam quase 8 Gtep desse total.

Todos os anos, numerosos cenários de evolução energética são elaborados pelos organismos especializados no domínio da energia. Estes cenários perspectivam uma procura de energia em 2050 que vai das 15 às 25 Gtep. Estes cenários prospectivos têm por base diferentes conjecturas relativas ao crescimento económico, ao aumento da população mundial, ao acesso progressivo à electricidade de 1,6 mil milhões de pessoas que ainda dela são privadas, às necessidades energéticas crescentes dos países em vias de desenvolvimento e à efectivação de politicas de economia de energia que protejam o ambiente. As incertezas relativas à evolução destes diferentes cenários explicam os desvios consideráveis que se verificam entre cenários extremos.

É, no entanto, razoável prever que a procura de energia duplique no próximo meio do século.

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Limitações nas reservas de combustíveis fósseis

A situação descrita leva à emergência em desenvolver novas tecnologias, que serão inevitavelmente mais caras no início do seu desenvolvimento e utilização. Caso o consumo se mantenha inalterado, as reservas conhecidas de petróleo darão para um período da ordem de 40 anos de consumo. O leque de opiniões dos peritos relativas a esta previsão, situa-a entre os 20 e os 80 anos, dependendo dos pressupostos considerados relativos ao crescimento do consumo e à possibilidade de descoberta de novas reservas.

Mantendo o seu consumo inalterado, as reservas conhecidas de gás natural dariam para mais de 60 anos e, em cada ano, tem vindo a ser encontrado mais gás do que aquele que é consumido. No entanto, fazendo a substituição do consumo de petróleo e de carvão por gás, de modo a reduzir as emissões de efeito de estufa, as reservas não durariam para mais do que 17 anos. A opção, em certos países, de abandono do nuclear e a sua substituição por gás natural, poderá acelerar ainda mais, o esgotamento deste recurso.

O carvão é o combustível fóssil cujas reservas são maiores. É estimado que estas reservas durem para mais de 200 anos.

Deste modo e caso não se tivesse em consideração as consequências dramáticas desta opção no clima e as suas consequências para as gerações vindouras, a procura de energia até 2050 (prevista que se situe entre as 15 e as 25 Gtep) poderia continuar a ser, no essencial, satisfeita, por energia de origem fóssil, tal como hoje acontece.

No entanto, para limitar o aumento da temperatura dentro de um intervalo de 1 a 3ºC é necessário que o total de emissões atmosféricas que venham a ocorrer nos próximos séculos seja, somente, um terço daquelas que seriam provocadas pela combustão dos recursos disponíveis de gás, petróleo e carvão. Será, pois, necessário que a humanidade auto-interdite a queima de dois terços da energia primária que se encontra facilmente disponível e que apresentam custos relativamente em conta, optando por considerar que. não é razoável continuar a jogar com os recursos limitados de energia primária existente, arriscando-se a um seu esgotamento precoce, e a não reduzir naturalmente as emissões por efeito de estufa. Assim, mesmo com os preços relativamente baixos dos combustíveis fósseis (apesar da sua subida ser cada vez mais efectiva) é necessário que surjam novas tecnologias, inevitavelmente mais caras, já que não beneficiam de uma produção em grandes quantidades.

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Fraco rendimento global do sistema energético

O rendimento global do nosso sistema energético é baixo. Por exemplo, durante 2000, foi necessário utilizar 252 Mtep de energia primária para satisfazer as necessidades francesas de energia útil de 86 Mtep, correspondendo a um rendimento de aproximadamente 34%. Houve, deste modo, perdas de 166 Mtep nas transformações energéticas a que esta energia primária foi sujeita (refinação, produção eléctrica, …) e na sua utilização final (rendimento dos aparelhos eléctricos domésticos, nos veículos, …). Estas perdas de 166 Mtep surgem como o principal factor de desperdício de energia e, em consequência, como a principal causa de emissão desnecessária de CO2.

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Dependência energética

Quase 50% da energia primária consumida na União Europeia provêm de países que não são da União. Sem alteração do nível de produção energética, e tendo em conta o aumento previsível de consumo, esta dependência energética passará a ser de 70% até ao ano de 2030.

A dependência face ao Médio Oriente, que detêm 65% das reservas conhecidas de petróleo, deverá crescer. A partir da década de 2020-2030, novas tensões económicas e políticas poderão surgir como consequência da redução dos recursos fósseis disponíveis e da sua concentração em zonas politicamente instáveis, pondo em causa a segurança de abastecimento dos países que constituem a União Europeia.

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